REPHIAFRICA



A ideia de implantação da rede de pesquisa advém da reflexão sobre a necessidade de se constituir um locus para o desenvolvimento de pesquisas e de acesso aos conhecimentos relacionados à contribuição africana no processo (civilizatório) de constituição da humanidade. Isso implica  na discussão dos mecanismos sociais, históricos, políticos e econômicos que engendraram falsas noções de superioridade entre os povos e a busca por superá-los. 
Em uma perspectiva epistemológica, a Rede de Pesquisa combateria o pensamento disjuntivo que isola as diversas comunidades africanas em territorialidade que ignora os princípios básicos da Geografia e, que igualmente, as lança em uma temporalidade a-histórica, com o objetivo de deixá-las sem elos com o mundo. Na Bahia, a disjunção se dá por outra via, com a identificação em larga escala da religiosidade e de todas as manifestações culturais de matriz africana, ora com apelos ao exótico e ao extravagante, por vezes como associação ao que a tradição judaico-cristã entende ser o mal. Dirigido ou não por procedimentos ideológicos ou políticos, essas identificações tem alimentado um sistema de informações curriculares nas escolas e universidades que inviabilizam o real conhecimento das sociedades africanas, de suas relações como um conjunto de nações e culturas, profundamente vinculado ao nascedouro da humanidade.
A estruturação da “REPHIAFRICA” tem por meta romper com essa percepção das sociedades africanas, dos povos africanos e dos afro-brasileiros, viabilizando e difundindo um novo foco de estudos africanos na Bahia; estimulando a  discussão de passos e encaminhamentos, seja para articulação com órgãos públicos e agências de formação, ou buscando a construção de linhas de editoriais, traduções, digitalização e disponibilização de acervos documentais e bibliográficos, dentre outros. 
O pressuposto é dar ênfase a uma visão das sociedades africanas que ultrapassa o imaginário das práticas religiosas sincréticas brasileiras, da compreensão romântica do leste africano como fronteira oriental de investimentos em produção energética, da história do holocausto da escravidão, ou da visão da natureza contundente, exótica e selvagem. Sabe-se que todos esses aspectos compõem uma imagem das sociedades africanas que precisam ser compreendidos em suas estratégias de construção e pelo que eles representam. Todavia, o Continente Africano é constituído de uma  infinidade de lugares contemporâneos reais, com territorialidades e histórias bem definidas, que não podem ser lançados ao esquecimento.


A Estruturação da Rede de Pesquisa sobre a Herança Intelectual Africana

O processo de estruturação de uma rede internacional de pesquisa requer algumas etapas que são cruciais para seu êxito. A primeira e mais importante delas é a identificação e o convencimento dos pesquisadores nacionais e estrangeiros a integrá-las. O segundo passo é a articulação dos interesses de investigação.
No caso da Rede de Pesquisa Herança Intelectual Africana essas duas etapas críticas já foram cumpridas. As etapas subsequentes são:

a)   Articulação dos pesquisadores e de suas temáticas de pesquisa;
b)   Formação dos Grupos de Trabalho;
c)   Formatação de um cronograma de trabalho.

Para o cumprimento a esses três pontos optou-se, como metodologia de trabalho, pela realização do Seminário Internacional Herança Intelectual Africana.